FERNANDO MORGADO
em:
SOM DE POETAS – Colectânea de Poesia. Lisboa?: Papel D´Arroz Editora, Múltiplas Histórias Unipessoal Ltda., 2015.
418 p. ISBN 978-989-8796-37-0 Ex. bibl. Antonio Miranda
POEMA LIVRE
Ouço-te no silêncio dos meus sonhos.
O ranger das tábuas anuncia a tua chegada.
Preparei-me para isso ao ouvir o quebrar das folhas
no balanço dos teus passos.
O vento amestra o prelúdio da queda delas.
Procuras a música que me distrai a saudade de ti.
Christina Perri como sempre nos prometemos.
Ou Bizet quando me danças Carmen.
Moras no instante que precede o nosso abraço.
Habitas os suspiros que me embalam já para os teus lábios.
Já não ouço os teus sapatos.
Gosto que me chegues descalço
como eu de corpo inteiro despida para te ter.
Na cabeça cega de amor, adivinho os teus segredos,
e os teus desejos,
no sibilar das palavras que metes na fechadura.
“Meu amor, estou aqui!”
“Que surpresa, nem te ouvi chegar.”
Calaste-me a mentira no beijo infinito que partilhamos.
Só a pele ficou para se pronunciar.
O meu corpo chamou por ti.
SOM DE POETAS
Em Janeiro de amor no ventre
Volto a ti em memória de sempre,
nas tardes namoradas sem horas
entre as camélias que tanto adoras.
Hoje escolhi as brancas pela tua beleza
e as vermelhas pela minha paixão.
Pouso-as no colo que te espera e leio-te.
Dou caminho à minha ilusão.
Cada flor uma carta, cada pétala uma folha,
cada carta um desejo, cada folha um beijo;
tantas coisas tuas na minha mão.
Escolho a branca contornada a vermelho,
fala de nós, da união que juramos.
Caminhos vividos sem conselho.
Hoje, não sei onde estás
mas em cada camélia te tenho
e amo-te em cada suspiro.
Sinto o encanto do teu aroma
nas pétalas que vou beijando,
como folhas escritas por tis.
Sabes escrever?
Que bom, meu amor.
Tantas camélias ainda por ler.
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Página publicada em novembro de 2021
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